sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Um longo final de semana.

         Eu não sou do tipo de pessoa organizada, posso até fingir, mas não sou e nunca fui.
         Meu quarto é o que comprova tudo isso, além de espelhar, também, a imensa preguiça que vive dentro de mim.
         Sapatos diversos largados nos cantos, roupas do fim do dia jogadas em cima do baú, juntamente com as raras que dobro para guardar depois, papéis de rascunhos, escritos, importantes ou não transbordando das gavetas e buracos que achei para enfiar. Por mais nojento e surreal que pareça, eu não me incomodo muito, é a minha bagunça afinal. Quem se incomoda MESMO é o meu pai.
         Ah! Final de semana. Meus únicos dias reservados exclusivamente para o computador, amigos virtuais e jogos, além da melhor comida já feita na semana. Dia de colar a bunda na cadeira... Não, meu pai diz outra coisa.
          Doze vezes por ano, uma vez por mês esse dilema é totalmente dilacerado pelas palavras supremas do mais forte.
"Bibi, vai arrumar seu quarto."
          E é nessas horas que imagino uma música épica na minha cabeça, como aquelas que tocam em filmes quando dois enormes exércitos estão prestes a se chocar.
          Ao final do sábado cinco enormes sacos de lixo são retirados do meu quarto. Se bem que eu acho que podiam ser seis. O guarda roupas está em seu nível máximo de organização, as roupas dobradas, perfeitamente empilhadas uma em cima das outras em seus devidos lugares, que maravilha. Cama arrumada. Baú, mesa e teclado limpos. Realmente, de chorar.
          Ao final do domingo mais um enorme saco de lixo e mais três de doações, como roupas, brinquedos, livros, são retirados no meu quarto.
          Nossa! Meu quarto realmente tem esse tamanho? Por que será que parece maior? É, pois é.
          Não tem prazer maior do que olhar para ESTE quarto "branquinho", vazio, limpo, arrumado... É tão gratificante pensar "Eu fiz isso... EU fiz isso!", mostrar a todos os presentes na casa "Pai! Lú! Lucas! EU TERMINEI!"...
          E então, dali uma semana, voltamos a realidade. Sapatos, roupas, papéis... Eu não me incomodo porque sou acostumada.
Estou trabalhando nisso ainda, vou melhorar, vou sim. Mas até lá...
"Bibi, seu quarto parece outra dimensão."



Um comentário:

  1. Boa crônica, Beatriz!
    Narrativa, pessoal, trechos de descrição, causos. afinal de contas, não entendi, vc gosta do seu quarto arrumado? :-) então a pressão do pai é boa, né?
    Boa escrita, fluente e segura.
    Ah, bonito o seu perfil poético.
    Beijo,
    Luana

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